Idade do Ferro no Algarve
Nos finais do II milénio a. C., os sucessivos estímulos étnicos e culturais, provenientes sobretudo da zona sul da Alemanha e do Danúbio, vão transportar à Península Ibérica características inovadoras ao nível da sua proto-história.
No período referente à 1.ª Idade do Ferro do Sudeste, surge na zona do atual Algarve e Baixo Alentejo uma população de cariz exógeno, que se desenvolveu entre os séculos VIII e VI a. C., associada ao lendário reino de Tartessos. Estas populações viviam em povoados de tipo aberto, com as necrópoles a localizarem-se nas periferias imediatas dos espaços habitacionais. O espólio funerário apresenta-se bastante rico, com diversa produção de ornamentos em metais e pedras preciosas, cerâmicas, algumas de origem fenícia. As influências culturais do Egeu e Próximo Oriente são marcantes, inclusive ao nível das divindades, casos de Reshet-Melkart, fruto de um intercâmbio cultural entre Egito, Fenícia, Síria, Grécia, Ásia Menor, etc., operadas na Península entre os séculos VIII e V a. C. O conjunto de estelas epigrafadas provenientes destes contextos revelou uma estrutura alfabética (a mais antiga da Península) com fortes semelhanças com os modelos da Ásia Menor, do grego arcaico e do etrusco.
A chegada no século V e inícios do IV de novas influências provenientes do espaço continental dá origem à 2.ª Idade do Ferro, reduzindo os contactos com o mundo mediterrânico. O estabelecimento de grandes povoados fortificados na zona sul revela uma sociedade sem escrita e com um novo equilíbrio territorial, social e económico. Ao nível religioso perduram manifestações de tipo centro-europeu, caso das divindades Endovélico e Ategina.
A partir do século III a. C., e até à chegada dos Romanos, o Sul do território foi dominado de forma efetiva pela presença da cultura cartaginesa e pela ibérica do Levante espanhol.
Fonte: Enciclopédia Porto Editora