As novas Fortalezas
No Séc. XVI, a cidade de Faro já era um centro urbano de relevo, a ponto de se tornar a sede do bispado do Algarve. Vai ganhando cada vez mais importância no campo administrativo e comercial. Muitas das exportações e importações fazem-se através de ancoradouros existentes nas suas imediações, protegidas, quase sempre, por baterias e fortes que não chegaram aos dias de hoje pela mobilidade do solo naquela área. No Séc. XVII, surge a necessidade de reforçar a defesa da cidade, construindo-se uma segunda muralha, levantada depois de 1640. Parte de um baluarte existente no ângulo Sudoeste da antiga fortificação, junto à Ria Formosa e ao largo de S. Francisco, segue na direcção da Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz, continua para Noroeste, inflectindo depois para Poente, vindo a terminar na zona entre a actual estação dos caminhos-de-ferro e estação rodoviária.
Ainda neste período pós-Restauração (Séc. XVII), as preocupações defensivas da região contribuem para o levantamento de novas fortalezas ao longo da costa algarvia: a de S. João de Tavira, em Cabanas; a de Armação de Pêra; a de Nossa Senhora da Encarnação de Carvoeiro; a de S. João de Ferragudo; a da Meia Praia; a da Ponta da Bandeira ou da Nossa Senhora da Penha de França, em Lagos; a de Nossa Senhora da Luz; a de Vera cruz da Figueira; e a de Carrapateira.
Para reforçar a defesa da baía da cidade de Lagos, levanta-se o Forte da Ponta da Bandeira, junto à água, em apoio à muralha antiga. Os trabalhos são concluídos em 1690.
No século XVIII, os holandeses não conseguem aguentar a pressão dos seus rivais no domínio dos mares e a da correspondente actividade colonial e vão perdendo influência, permitindo que os ingleses se tornem a grande potência marítima e económica. O centro da economia-mundo deixa de ser Amsterdão e centra-se em Londres. As riquezas do Oriente e o próprio ouro descoberto e explorado pelos portugueses no Brasil beneficia, fundamentalmente, os súbditos de Sua Majestade Britânica, já que o nosso país é incapaz de criar estruturas para tirar proveito daquele precioso produto oriundo do Brasil. Lisboa, capital do reino e algumas outras localidades ainda beneficiam das remessas de ouro do Brasil mas o Algarve fica bastante esquecido. A situação no Sul do país agrava-se com os estragos provocados pelo terramoto de 1755 por não se proceder à reconstrução imediata do que fica arruinado, onde se incluem as construções militares.
Um conjunto de factores, entre os quais estão a diminuição das remessas do ouro brasileiro, a acção política e económica do Marquês de Pombal, as lutas entre franceses e ingleses e o nosso alinhamento generalizado ao lado da Inglaterra, fazem com que se preste maior atenção às nossas potencialidades económicas e à defesa do território. Esta orientação repercute-se no Algarve, como se verifica na criação da Companhia das Reais Pescas do Algarve (1773) e na fundação de um novo núcleo urbano, Vila Real de Santo António (1774). A vila passa a dispor do Forte de Santo António da Ponta da Areia, a principal defesa do Guadiana. Hoje, praticamente nada resta desse dispositivo militar, localizado junto ao local onde funcionou a Guarda Fiscal, por ter sido destruído pelas ondas, emergindo das águas apenas algumas pedras ligadas por argamassa. Também desapareceram as várias baterias que existiram ao longo do Guadiana e no oceano, em torno desta cidade fronteiriça.
Um pouco a Ocidente de Cacela-a-Velha, é reconstruída a imponente fortaleza em Cabanas de Tavira (1793), já no reinado de D. Maria I.
Em 1796, fazem-se importantes obras de conservação na fortaleza de Nossa Senhora da Encarnação, no Carvoeiro.
Constrói-se o Forte do Burgau, hoje em avançado estado de ruína.
Edifica-se o Forte do Zavial, em substituição do Forte de Santo Inácio, completamente destruído pelo terramoto de 1755. Hoje, pouco resta deste forte, com apenas algumas pedras ainda de pé.
A Fortaleza de Sagres fica igualmente muito danificada com o terramoto de 1755. Sendo um cruzamento de vias marítimas internacionais mas também de toda a costa algarvia, surgem logo projectos para a tornar operacional mas só em1793 têm lugar as obras da sua reconstrução. A aliança entre Portugal e Inglaterra não faz prever mais ataques deste país mas é urgente assegurar a defesa contra os inimigos de Sua majestade Britânica e acautelar incursões dos vizinhos espanhóis que cobiçam os produtos transaccionados na região.