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A economia do Algarve nos séculos XVI, XVII e XVII

A economia do Algarve nos séculos XVI, XVII e XVII

A economia do Algarve nos séculos XVI, XVII e XVIII

 

O Algarve não ocupa um lugar de relevo na economia do país neste período. No entanto, tem a sua importância.

O Algarve é terra de bons frutos, algum pescado e vinho e pouco azeite mas falta-lhe trigo. Até aos anos de 1540, o Algarve ganha igualmente importância na necessidade de contribuir para sustentar as praças portuguesas em Marrocos. Isto permite-lhe crescer. Regista-se um aumento da população e da produção. É no pescado que se verifica a mais decisiva melhoria ao nível da produção, que vai durar quase um século: a exportação de atum salgado. É ao Mar Mediterrâneo que vinha desovar anualmente. Enquanto ocorreu, a este conjunto de instalações, barcos, redes, salgas, vasilhas, pescadores e servidores no século XVI dá-se o nome de almadravas. Enquanto se manteve a pescaria, a Coroa tirou dela grandes rendimentos com impostos elevadíssimos. O principal cliente é a Península Itálica, devido ao crescimento da população e ao rigoroso cumprimento das abstinências religiosas.

Nos princípios do século XVII, o atum começa a escassear, a rarear e acaba por desaparecer por completo, inviabilizando a sua pesca. A mais importante e mais lucrativa das atividades económicas da região desaparece por mais de um século.

Só no século XVIII o atum volta a aproximar-se da costa algarvia, então sobretudo vendido para a Catalunha.

Depois, durante mais alguns anos, o atum volta a escassear.

A par do atum, também na pesca da sardinha se aplicam artes novas, os açodares, pesca que também quase que pára de 1630 a 1725. Só recomeça no Algarve Oriental (Monte Gordo) com novas redes (xávegas) graças a empresários catalães que aí investem porque a sardinha tem boa venda na sua terra.

Estas longas paragens na atividade da pesca, aliadas à falta de atividades dinamizadoras, como a das almadravas ou a da pesca da sardinha contribuem para que a população deixe de crescer na região ao longo dos séculos XVII e XVIII. Outro fator de abandono das casas próximas do mar são os constantes ataques dos piratas de Marrocos – especialmente de Salé – e mesmo argelinos, o que torna o litoral algarvio perigoso, uma vez que os corsários cativam as populações e vendem-nas como escravos nas praças africanas, bem como os ataques dos ingleses - em guerra com Filipe II -, em finais do século XVI.

Assim, as populações começam a preferir os campos do barrocal e mesmo da serra. As cidades e as vilas costeiras perdem o anterior interesse e, consequentemente, o peso relativo no povoamento da região. O litoral tinha, em 1527, 44% da população da região, passando para 29% em 1631, 19% em 1717 e os mesmos 19% em 1776, notando-se uma ligeira recuperação no fim do século XVIII, com a população urbana no litoral a subir para os 22%.

Durante este período, vai ocorrendo a ruralização do Algarve até à serra. O Algarve é agora, nos finais do século XVIII, um outro Algarve bem diferente do anterior Algarve marítimo com os centros urbanos a perderem dinamismo.

A Inquisição, ao constatar a fuga das gentes dos negócios, aumenta as perseguições, o que por sua vez provoca migrações dos mercadores cristãos-novos (judeus convertidos ao Cristianismo por D. Manuel para impedir a sua expulsão do país, como exigia a Santa Sé) que, assustados, iam para a Andaluzia e para as Índias de Castela.

O Algarve perde assim o seu dinamismo anterior. Não importa nem comanda as exportações. Aguarda que ingleses e holandeses venham vender e comprar. É no Norte da Europa que está agora o centro das atividades económicas. Algum interesse que o Algarve ainda desperta prende-se com a procura de produtos da terra, sobretudo figos. Mas a terra não tem agentes para atuar sobre o movimento comercial. Aguarda passivamente o que possa ocorrer. Sujeita-se àquilo que os mercadores de fora querem introduzir ou sacar. A iniciativa local no mercado externo pura e simplesmente desaparece. São quase só estrangeiros os que despacham nas alfândegas. Começam a instalar-se ingleses, em nome próprio ou representantes de casas comerciais inglesas.

A partir de 1773, o Marquês de Pombal implementa a política de «restauração voluntarista» do Reino do Algarve mas mesmo assim a recuperação não é nada de notável. Apenas a criação de Vila Real de Santo António e a remodelação da pesca da sardinha em Monte Gordo trazem novos recursos ou recursos melhor tributados. No entanto, muito menos do que se esperava.

Os centros da chamada economia-mundo europeia passam de Génova para Amesterdão e daí para Londres mas isso não afeta a região no Sul do país. O Algarve continua a apanhar os seus figos, as uvas e as azeitonas, a criar o seu gado e a participar em pequenos tratos de cabotagem, agora bem longe e fora das rotas do grande comércio porque já não tem oferta nem procura.

A manutenção ou a recuperação da importância das cidades do litoral só ocorre quando por detrás delas, no barrocal, existe uma produção agrícola de relevo. É o caso de Faro, encostada a Loulé e Vila Nova de Portimão, que domina o porto por onde se escoa a produção de Silves.

Não obstante, nenhuma das cidades relativamente importantes do Algarve – Lagos, Faro e Tavira – reúne condições para ser capital regional. Todas tinham o mesmo estatuto legal. Todas tinham poderes locais com a mesma importância.

Só a cidade de Lagos se havia destacado como sede do reino do Algarve mas apenas até 1755.