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O Algarve longe da Reforma Protestante

O Algarve longe da Reforma Protestante

O Algarve longe da Reforma Protestante

 

Desde o século XIV que sucessivas crises afetam a Igreja, em particular o Grande Cisma do Ocidente, cisma que se manifesta com a existência de um papa em Roma e outro em Avinhão.

No mundo anterior e contemporâneo das guerras de religião que afetam a Europa nos séculos XVI e XVII, o religioso e o político estão intimamente ligados e não é concebível que se pudessem desligar. Qualquer sobressalto social afeta o religioso, como o religioso afeta o político e o social. De um modo geral, na Europa, até ao Tratado de Vestefália de 1648, o poder laico aceita a supremacia teórica do religioso e o inteleto sujeita-se à fé.

O movimento reformador atinge profundamente toda a Cristandade. Como resposta às Novas Igrejas, a Igreja Católica procede à sua própria reforma, ficando conhecida por Contra-Reforma.

D. João III (1502-1557) e outros dirigentes portugueses empenham-se vivamente na reforma da Igreja Católica em Portugal, chegando ao ponto de promulgar como leis do Reino os decretos emanados do Concílio de Trento (1545-1563), concílio onde os teólogos portugueses têm uma destacada intervenção.

As novas Igrejas ganham boa parte da Alemanha, Países baixos, Escandinávia, Inglaterra e dividem a França. Em Portugal, as ideias da Reforma marcam alguns inteletuais mas não penetram significativamente no corpo social. Muito menos no Algarve, que tão longe estava do resto do território.

Destaque para um professor do Colégio das Artes de Coimbra, João da Costa, natural de Portimão. Bolseiro do rei no Colégio de Santa Bárbara, em Paris, desde 1527, é sucessivamente professor em Auvergne, presidente do Colégio de Bordéus, doutor regente perpétuo e reitor da Universidade de Bordéus. É mestre em Artes, Grego e Teologia por Paris, bacharel em Leis e doutor regente em Filosofia pela Universidade de Bordéus.

É preso por acusações de delatores, revistam-lhe o quarto e encontram uma Bíblia traduzida em Francês, as Anotationes do reformado Sebastião Munster e obras de Clemente Marot.

Preso nos primeiros dias de agosto de 1550, abjura a 29 de Julho de 1551 mas só a 5 de Fevereiro de 1552 lhe é comunicada, no Mosteiro de Santo Elói, onde se encontra detido, a liberdade definitiva.