A Herança Muçulmana

A Herança Muçulmana

A Herança Muçulmana

Amantes da música e das danças e cantares, as ruas e mercados das cidades eram normalmente animadas com saltimbancos e malabaristas que faziam espetáculos populares. Nos dias de feira, os ventríloquos, os adivinhos e os ilusionistas misturavam-se com os vendedores de amuletos, aguadeiros e perfumistas. Os jogos citadinos, comuns à sociedade muçulmana e cristã, o xadrez, as damas e os dados, embora alguns fossem interditos pela lei islâmica, estiveram sempre em moda, sendo muito apreciados. O contributo herdado dos muçulmanos, apenas comparável ao da civilização romana, enraizou-se na sociedade medieval portuguesa, onde perdurou e foi, mesmo, um dos fatores da dinâmica cultural dos séculos posteriores à Reconquista. Nos aspetos da vida quotidiana e nos usos e costumes, os árabes transmitiram-nos os princípios fundamentais das técnicas agrárias e de construção, dos princípios de pesos e medidas, da cunhagem da moeda (o morabitino) e dezenas de vocábulos referentes aos transportes marítimos e terrestres, objetos, plantas e usos culinários, bem como muitos aspetos ligados à organização militar, administrativa e à distribuição dos espaços urbanos que, em muitos casos, conservam o traçado de ruas sinuosas e de sóbrias casas caiadas de branco, com as suas chaminés, açoteias e platibandas. Aliás, o material arqueológico e arqitetónico na região é o mais rico de todos os períodos muçulmanos.

Depois da conquista cristã, a manutenção de populações muçulmanas, judias e moçárabes no Algarve, teve uma influência durável sobre a civilização e a cultura regionais que ainda hoje (2012) não foi suficientemente avaliada.