Para os homens do Mediterrâneo que debandavam o Ocidente, a passagem pelas Colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar) representavam o início de um derradeiro percurso. Para cá desse ponto, havia ainda alguns portos que valiam a viagem.
Da foz do Guadiana às falésias de Sagres, estendia-se uma costa tranquila, visitada desde a época pré-romana por mercadores e mareantes, a um ritmo que se manteve sob o domínio de Roma e no período islâmico.
Para lá do Promontório ficava o desconhecido, ou, como disse Avieno, em meados do século IV: «Então, lá onde declina a luz sideral, emerge altaneiro o cabo Cinético, ponto extremo da rica Europa e entra pelas águas salgadas do Oceano povoado de monstros».
Nas costas algarvias localizavam-se as principais cidades e as fortalezas. Eram os locais privilegiados para a troca de mercadorias e de ideias. Era também nas imediações das cidades que se encontravam os ricos campos de cultivo e as hortas cantadas pelos geógrafos de então.
Os séculos seguintes foram marcados pela preponderância na região de muwalladun (ou malvados – os recém-convertidos ao islamismo) e de moçárabes (que conservaram a religião cristã).
Tanto num caso como noutro, foram famílias locais que conservaram nas suas mãos o controlo do Algarve.
As fontes escritas conservam, no entanto, um surpreendente silêncio sobre o Algarve durante os primórdios da islamização.
Este território esteve quase sempre sob o domínio político da grande cidade de Sevilha.