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O Algarve e a Revolução de 1383/1385

O Algarve e a Revolução de 1383/1385

O Algarve na Revolução de 1383/1385

 

O casamento da infanta herdeira D. Beatriz com o rei D. João I de Castela, cuja escritura do contrato tinha algumas cláusulas que punham em risco a independência nacional, as dificuldades em recuperar dos efeitos nefastos da peste Negra, terramotos, 3 guerras desastrosas cm Castela (1369-1371; 1372-1373; 1381-1382), a destruição da armada em Saltes, maus anos agrícolas e o depauperamento da economia, repressão, influência da nobreza de Castela na definição da política nacional, distribuição por parte de D. Leonor de títulos, cargos, bens e castelos pelos seus familiares e amigos, são algumas das razões que vão desencadear a revolução após a morte do rei português.

Neste período de incertezas, é difícil indicar qual o papel do Algarve perante as forças em confronto: A rainha D. Leonor, o rei de Castela e D. João, Mestre de Avis.

O que se sabe é que houve apenas uma única comarca que pode orgulhar-se de ter aderido na sua totalidade à causa revolucionária: o Algarve.

Foram vários os algarvios que se destacaram no apoio ao Messias de Lisboa. Outros algarvios destacaram-se na defesa da cidade de Lisboa. Alguns foram agraciados com doações pelo Mestre de Avis. Entre eles, destaque para o alcaide de Loulé, João Gonçalves Vieira.

É no decurso deste processo revolucionário que as regras por que se regia o país são alteradas. É dada prioridade à defesa da independência nacional. A fidelidade vassálica passa a ser devida apenas a quem defendesse a independência nacional.

Entretanto, os acontecimentos sucedem-se rapidamente. O rei de Castela toma o caminho de Lisboa.

13 de Janeiro de 1384 - D. Leonor abdica do governo e da regência a favor do rei de Castela. Este, submete Lisboa a um prolongado cerco.

3 de Setembro de 1384 - Perante as numerosas mortes no seu acampamento pela epidemia da peste e a persistente resistência dos defensores, o rei de Castela levanta o cerco e retira.

6 de Outubro de 1384 – Os revoltosos ratificam a eleição de D. João, Mestre de Avis, como Regedor e Defensor dos Reinos de Portugal e dos Algarves e promovem-no a Governador.

6 de Fevereiro de 1385 – As actas do concelho de Loulé referenciam a presença de João Afonso, camareiro-mor e do Concelho do Mestre, com a missão de angariar fundos para a guerra. Os presentes aprovaram o apoio à causa por unanimidade, manifestando mais uma vez a fidelidade da região aos interesses nacionais.

Por sua vez, o delegado faz saber que o mestre concedera ao concelho e aos homens-bons de Loulé uma moratória de um ano, em relação às dívidas contraídas.

2 de Abril de 1385 – Tal como acontecera em outros locais do país, também em Loulé o mestre procura garantir o voto favorável dos procuradores concelhios nas Cortes de Coimbra. Em contrapartida, a vila de Loulé não teria mais relego que Faro e Tavira.

A vila de Loulé, depois de vários contratempos, escolheu como seu procurador João Lopes, encarregado de apresentar os capítulos louletanos em Coimbra.

6 de Abril de 1385 – Aclamação do Mestre de Avis como D. João I, rei de Portugal e do Algarve.

14 de Agosto de 1385 – O rei de Castela não desiste de Portugal. Com uma hoste poderosa, invade novamente o território português. Na sua caminhada para novo cerco a Lisboa, é desafiado pela hoste portuguesa em posição de batalha. Convencido a aproveitar a ocasião e arrumar definitivamente a questão, aceita o desafio e é derrotado na Batalha de Aljubarrota. Desta feita, D. João I ganha duplamente a coroa portuguesa, de direito em Coimbra e pela força das armas. O rei de Castela vai aceitando gradualmente a impossibilidade de concretizar os seus desejos. A guerra ainda continua até às pazes de 1411. Nesta fase derradeira, o Algarve assiste espetante ao desenrolar dos acontecimentos.